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1986: Primeiro-ministro sueco Olof Palme é assassinado

Doris Buhlau (gh)

No dia 28 de fevereiro de 1986, o então primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme, é assassinado ao sair de um cinema no centro de Estocolmo. A investigação do caso foi marcada por caos e incompetência.

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Olof Palme
Olof Palme em 1983Foto: Getty Images/AFP

O assassinato do primeiro-ministro social-democrata Olof Palme causou uma forte comoção no povo sueco, que há quase 200 anos não presenciava esse tipo de violência política. Palme foi morto a tiros quando saía do cinema com a esposa, uma situação que revela uma peculiaridade do país que governava: nenhum outro chefe de governo europeu ousaria expor-se em público de forma tão desprotegida.

Mesmo na condição de primeiro-ministro, o líder social-democrata tentava manter um pouco de sua privacidade, no que contava com a cooperação das autoridades de segurança. Ele buscava uma sociedade aberta, democrática, e uma certa proximidade com seu povo – jamais pensou estar correndo algum risco sério.

Carreira política

Nascido em 30 de janeiro de 1927, filho de uma conservadora família burguesa de Estocolmo, Olof Palme fez carreira como político progressista. Ainda estudante de Direito, ele ingressou no movimento jovem do Partido Trabalhista Social-Democrático, pelo qual foi eleito deputado federal em 1958.

Durante o governo de Tage Erlander, foi ministro dos Transportes e das Comunicações (1965/67) e da Educação (1967/69). Em 1969, herdou de Erlander o cargo de primeiro-ministro, permanecendo nessa função até 1976. Depois de seis anos de governo conservador, Palme voltou ao poder em 1982.

Ele se destacou internacionalmente por sua inteligência, capacidade retórica e formação política. Foi o quarto presidente do Partido Social-Democrata sueco, desde sua fundação, cerca de cem anos antes. Aos 42 anos, tornou-se o mais jovem chefe de governo da Europa. No entanto, com suas análises penetrantes, não só conquistou amigos como fez inimizades. Era motivo de controvérsia dentro do próprio Partido Social-Democrata, mas nunca se duvidou seriamente de sua capacidade de liderança.

O líder sueco não escondia sua rejeição à intervenção militar norte-americana no Vietnã e também criticou a invasão de Praga pelas tropas soviéticas. A neutralidade da Suécia não impediu que, em 1969, o país reconhecesse o Vietnã do Norte, causando uma crise diplomática com os Estados Unidos.

Esta resultou no rompimento das relações entre os dois países, somente restabelecidas em 1974. Em seus discursos pacifistas, Palme condenava a ameaça nuclear e a injustiça social no mundo. Atacava a política do apartheid na África do Sul, enquanto apoiava a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Movimento Sandinista na Nicarágua, propagando um "socialismo à sueca".

Engajamento político

Seu engajamento na política externa rendeu-lhe críticas e custou-lhe votos. Acusado de haver negligenciado a política interna e criticado por aumentos de impostos em meio a uma crise econômica, Palme perdeu as eleições parlamentares de 1976. Em 1979, tornou-se membro da Comissão Norte-Sul da ONU, encarregada de melhorar as relações entre os países industrializados e o Terceiro Mundo. Como presidente da Comissão das Nações Unidas para Questões de Desarmamento e Segurança, lutou a partir de 1981 por uma Escandinávia livre de armas nucleares.

De volta ao poder, em 1982, passou dois anos trocando acusações com a União Soviética, devido à presença de submarinos soviéticos em águas territoriais suecas, desta vez sem esquecer a política interna. Com uma desvalorização da coroa sueca e uma série de medidas drásticas, seu governo conseguiu retomar as rédeas da economia.

O homem condenado pelo assassinato de Olof Palme, Christian Petterson, inicialmente condenado à prisão perpétua pelo crime, foi posto em liberdade em 1989, devido a irregularidades em seu julgamento.

Uma comissão governamental chegou à conclusão de que a apuração do caso foi marcada por caos e incompetência. Deixaram de ser investigadas pistas importantes, como o fornecimento de mísseis suecos à Índia através de um esquema de corrupção, e a existência de uma rede de extrema direita na polícia de Estocolmo.