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1964: Começa bombardeio do Vietnã do Norte pelos EUA

Christa KokotowskiPublicado 4 de agosto de 2015Última atualização 4 de agosto de 2021

Em 4 de agosto de 1964, os Estados Unidos começaram a bombardear o Vietnã do Norte. A Guerra do Vietnã, perdida pela superpotência, terminou 11 anos depois, com 2 milhões de vietnamitas e 58 mil americanos mortos.

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Vietnam 50 Jahre Tet-Offensive BG | US-Air Force
Foto: picture alliance/akg-images/Fred P. Leonard

Era uma noite sem lua sobre o Golfo de Tonkin. Os contratorpedeiros Maddox e Turner Joy cruzavam as águas na costa do Vietnã do Norte. Os navios de guerra americanos estavam em missão de patrulha.

Dois dias antes, o Maddox fora atacado por torpedos e outras armas. Era uma resposta de Hanói ao bombardeio de sua ilha Hon Me pelo Vietnã do Sul, ocorrido na véspera.

A história do Davi vietnamita e o Golias americano tomou na noite de 4 de agosto de 1964 o rumo para a catástrofe inevitável. Os Estados Unidos, cujo presidente na época era Lyndon B. Johnson, decidiram partir para o confronto.

Fazia tempo que o envolvimento de Washington no conflito era muito maior do que supunha a opinião pública, já acostumada às décadas de choques armados na Indochina. Para cidadãos americanos, a guerra estava bem longe.

Para os militares do país, os acontecimentos dos primeiros dias de agosto de 1964 no Golfo de Tonkin eram a ocasião perfeita para tirar da gaveta planos bélicos já existentes e colocá-los em prática, demonstrando a determinação da superpotência e colocando Hanói no devido lugar.

Controvérsias

Ainda persistem controvérsias sobre o que aconteceu no Golfo de Tonkin na noite de 4 para 5 de agosto. Em suas memórias; o então secretário de Defesa, Robert S. McNamara, relata minuciosamente a reação a um incidente que muito provavelmente nunca aconteceu.

Quando o sol se pôs na costa vietnamita, o contratorpedeiro Maddox comunicou pelo rádio o ataque iminente de um navio não identificado. Horas mais tarde, ele teria entrado em contato com radares de três navios igualmente não identificados.

A situação é mais do que confusa. Nuvens e tempestades comprometem enormemente a visibilidade. Os dois navios de guerra americanos anunciam pelo rádio ataques de torpedos, turbulências, luzes de aviões inimigos, holofotes, contato de radares e ecossondadores. O Maddox e o Turner Joy disparam fogo. Mas contra o quê? Contra quem?

De imediato, duvida-se de um novo ataque norte-vietnamita. A noção parecia simplesmente absurda. Seriam falsas as mensagens dos dois navios americanos? Anos depois, um piloto que se encontrava de plantão no porta-aviões Ticonderoga naquele noite e que sobrevoara ambos os navios disse que não tinha avistado navios norte-vietnamitas nem percebera nenhum ataque.

Retaliação

As dúvidas foram deixadas de lado, pois a questão era retaliação. Exatamente 12 horas depois da primeira mensagem de 4 de agosto de 1964, às 19h22 (horário de Washington), os porta-aviões Ticonderoga e Constellation, que navegavam um perto do outro, receberam do presidente dos EUA a aprovação para o bombardeio.

Os americanos realizaram 64 ofensivas contra bases militares e barcos de patrulha norte-vietnamitas, incluindo um depósito de petróleo. Uma ação adequada e limitada de uma superpotência – como o governo do presidente Lyndon Johnson queria fazer acreditar.

No dia 7 de agosto, a Casa Branca apresentou um projeto de resolução que havia formulado uma semana antes, e o Congresso o aprovou, com apenas dois votos contra. A resolução concedia ao presidente poderes para aplicar todas as medidas necessárias a revidar todo tipo de ataque e impedir agressões futuras.

Catástrofe

Não era mais possível deter a catástrofe. No final, 11 anos depois, o balanço de mortos foi de 2 milhões de vietnamitas e 58 mil soldados norte-americanos.

Ante a derrota dos Estados Unidos, o ex-secretário de Defesa McNamara mudou da água para o vinho. "Nós nos equivocamos. Eu me equivoquei. Agimos de acordo com aquilo que considerávamos nossa tradição e nossos valores, para poder explicar às gerações futuras. Para que elas não cometessem os mesmos erros. Mas nós nos equivocamos", admitiu.