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1962: Ultimato de Kennedy na crise dos mísseis em Cuba

Nicole EngelbrechtPublicado 22 de outubro de 2015Última atualização 22 de outubro de 2020

No dia 22 de outubro de 1962, o então presidente dos EUA exigiu da União Soviética o desmonte das bases de lançamento de mísseis em Cuba. O conflito, afinal contornado, ficou conhecido como a crise dos mísseis em Cuba.

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Kubakrise (1962)
11/10/62-Off coast of Cuba:
The U.S.S. Vesole stears alongside the Soviet freighter Polznuov, for inspection of her cargo. On the deck are large ablong missile-like objects, two of which are partially uncovered.
Navio americano (abaixo) ao lado de cargueiro soviético para inspeção de carga. No convés, estão grandes objetos em forma de míssil, em outubro de 1962Foto: picture-alliance/Everett Collection/CPL Archives

Em outubro de 1962, o confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética colocou o mundo à beira de um conflito nuclear. Aviões de reconhecimento americanos descobriram mísseis soviéticos de médio alcance instalados em Cuba.

Com alcance de 1.800 quilômetros, eles poderiam atingir alvos em todo o sudeste dos Estados Unidos, incluindo Nova Orleans, Houston, St. Louis e Washington. A URSS ainda preparava a instalação de outras rampas de lançamento de mísseis no país centro-americano. Fotos aéreas não deixavam dúvidas de que os russos pretendiam colocar suas bases em condições de ataque.

Bloqueio naval contra Cuba

No dia 22 de outubro, o presidente John Kennedy denunciou, em pronunciamento pela televisão, a existência dos mísseis russos na América Central. "Essas rampas não devem ter outro objetivo que o ataque nuclear contra o mundo ocidental", declarou.

Para ele, a transformação de Cuba em base estratégica, com a instalação de armas de destruição em massa, representava uma ameaça à paz e à segurança do continente americano. "Nem os Estados Unidos nem a comunidade internacional irão se iludir e aceitar esta ameaça", advertiu.

Ainda no mesmo dia, os EUA decretaram um bloqueio naval contra a ilha de Fidel Castro e deram um ultimato à URSS. Kennedy exigiu do chefe de Estado Nikita Khruchov o imediato desmonte das rampas, a retirada dos mísseis e a renúncia à instalação de novas armas ofensivas em Cuba. Washington advertiu também que, caso o bloqueio fracassasse, a ilha seria invadida.

ONU contorna ameaça de guerra

Qualquer transgressão do bloqueio por navios soviéticos poderia desencadear a guerra entre as duas potências atômicas. A Organização das Nações Unidas ofereceu-se para mediar. A crise foi administrada e acabou sendo contornada. No dia 28 de outubro, Khruchov cedeu à pressão americana, retirando os mísseis e admitindo uma inspeção da ONU.

Em contrapartida, Kennedy garantiu que os Estados Unidos não fariam novas tentativas de invasão a Cuba, como a que fracassara na Baía dos Porcos em 1961. Num acordo secreto com a URSS, os EUA também se comprometeram a retirar seus mísseis tipo Júpiter da Turquia.

A crise de Cuba entrou para a história como a maior demonstração de força da administração Kennedy. Os preparativos militares soviéticos, à época, não só irritaram os americanos como também foram interpretados como provocação bélica por outros países ocidentais.

"Telefone Vermelho" entre Washington e Moscou

A comunidade internacional reagiu aliviada ao fim da crise. Mesmo nos dias de maior tensão, o então ainda prefeito de Berlim Ocidental e mais tarde chefe de governo da Alemanha Willy Brandt manteve a convicção de que a superação dessa crise significaria um passo decisivo rumo à paz mundial.

Esse confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética evidenciou definitivamente a necessidade de uma política de distensão. A possibilidade de uma guerra nuclear persistiu até o último momento.

Tanto no Leste quanto no Ocidente, reconheceu-se o risco de uma corrida armamentista descontrolada e da rivalidade desenfreada entre as potências mundiais. Uma das consequências foi a instalação de uma "linha direta" (o chamado "telefone vermelho") entre Moscou e Washington, no verão europeu de 1963.