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HistóriaAlemanha

1955: Doutrina de Hallstein

Ramón García-Ziemsen (gh)23 de setembro de 2014

As bases da política exterior alemã-ocidental foram fixadas a 23 de setembro de 1955, na Doutrina de Hallstein. Ela previa que a Alemanha Ocidental não manteria relações com países que reconhecessem a Oriental.

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Konrad Adenauer Besuch in Moskau 1955
Foto: picture-alliance/dpa

Em setembro de 1955, o então chanceler federal Konrad Adenauer viajou a Moscou para obter a libertação dos últimos 10 mil prisioneiros de guerra e de mais de 20 mil civis alemães. Em contrapartida, a União Soviética queria atar relações diplomáticas com a República Federal da Alemanha (RFA).

Somente no quarto dia das complicadas negociações, chegou-se a um consenso. A visita a Moscou entraria para a história como o principal acontecimento político internacional de 1955 e uma das ações mais populares do primeiro chefe de governo da Alemanha Ocidental.

Dois embaixadores

Esse êxito, porém, foi problemático, pois era difícil explicar a existência de dois embaixadores alemães exatamente em Moscou. Desde a sua fundação, a RFA reivindicara o direito de ser a única representante legal dos interesses alemães, mas ela não poderia evitar que a Alemanha Oriental (República Democrática Alemã – RDA) fosse reconhecida diplomaticamente por outros países.

A solução foi encontrada pelo diretor do departamento político do Ministério do Exterior alemão ocidental, Wilhelm Grewe. Ele baseou-se nas diretrizes sugeridas pela Doutrina Hallstein (o nome do chefe de Grewe no Ministério das Relações Exteriores era Walter Hallstein), aprovada pelo Parlamento alemão no dia 23 de setembro de 1955.

Um dia antes, o chanceler federal garantira pessoalmente aos parlamentares que a nova política não alteraria seu ponto de vista a respeito da República Democrática Alemã (RDA) nas relações com outros países. "Também no futuro, o governo alemão-ocidental verá com antipatia o estabelecimento de relações diplomáticas de países amigos com a Alemanha Oriental", disse.

As relações diplomáticas da Alemanha Ocidental com a União Soviética – e não com os demais países comunistas – foi justificada pelo fato de a URSS ter sido uma das forças de ocupação e sem a qual a ambicionada reunificação da Alemanha seria impossível.

Uma nota oficial divulgada no dia 24 de setembro dizia que "críticas da Alemanha Oriental não comprometeriam o povo alemão, visto que na zona de ocupação soviética não há representação popular livremente eleita, autorizada a falar em nome do povo alemão".

Isolamento internacional

Inicialmente, a Doutrina Hallstein foi um sucesso, do ponto de vista ocidental. A RDA ficou isolada internacionalmente, não sendo oficialmente reconhecida por nenhum país, à exceção dos de regime comunista. As jovens nações do Terceiro Mundo não pretendiam prejudicar suas relações com a rica Alemanha Ocidental e aproveitavam o jogo de interesses da Guerra Fria. Duas vezes essa política foi adotada rigorosamente: em 1957 e 1963, quando a Alemanha Ocidental rompeu relações com a Iugoslávia e com Cuba.

Na década de 1960, a Doutrina Hallstein começou a falhar e virou uma espécie de algema da política externa. Bonn concentrava esforços em conter ligações internacionais com a RDA. Em 1965, porém, o dique rompeu: o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser convidou o chefe de Estado alemão-oriental, Walter Ulbricht, para uma visita oficial e, em 1969, cinco nações árabes reconheceram a Alemanha Oriental.

Os antigos princípios foram abandonados quando os Aliados sugeriram o reconhecimento de fato da RDA, que já furava a Doutrina Hallstein, por exemplo, com a abertura de consulados no Terceiro Mundo.