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História

1953: EUA executam casal acusado de espionagem

Jens Teschke (rw)

No dia 19 de junho de 1953, o casal Julius e Ethel Rosenberg foi executado na prisão de Sing Sing, em Nova York. Eles eram acusados de ter repassado aos soviéticos informações sobre a bomba atômica.

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Spionage Julius und Ethel Rosenberg
Foto: picture alliance/dpa

Para compreender a execução do casal Julius e Ethel Rosenberg, em 1953, é preciso retroceder vários anos. Na manhã de 17 de julho de 1950, agentes do FBI bateram à porta do apartamento da família Rosenberg em Manhattan. Julius Rosenberg, 32 anos, foi preso ainda com espuma de barbear no rosto.

Esse foi o desfecho de uma série de episódios que tiveram início logo no começo da Guerra Fria. Em agosto de 1945, a bomba atômica explodiu em Hiroshima, selando a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Em seguida, começou o conflito Leste-Oeste e surgiu a Cortina de Ferro. Os espiões russos e americanos se esforçavam por descobrir os segredos militares e nucleares do adversário.

Paranoia anticomunista

A primeira bomba atômica russa explodiu quatro anos depois de Hiroshima e Nagasaki, em 28 de agosto de 1949. Enquanto a opinião pública se mostrava perplexa diante da demonstração de poder dos russos, a CIA começou a se questionar como os soviéticos haviam tido acesso aos segredos nucleares.

Em fevereiro de 1950, foi preso o cientista britânico Klaus Fuchs, que havia participado do projeto nuclear americano. Ele revelou ter passado dados importantes sobre a produção da bomba a agentes russos. A revelação desencadeou uma série de prisões, até se chegar ao soldado David Greenglass, irmão de Ethel Rosenberg.

Greenglass confessou haver entregue a Julius Rosenberg várias ilustrações das lentes especiais, desenvolvidas para a bomba no laboratório de Los Alamos. A prisão dos Rosenberg aconteceu em plena época de histeria anticomunista nos Estados Unidos. Qualquer pessoa que alguma vez tivesse manifestado qualquer simpatia pelo regime soviético era considerada suspeita.

Assassino de 50 mil soldados

O processo que se seguiu foi marcado por essa histeria. O caso Rosenberg teria de ser exemplar. Julius alegou inocência, mas foi incriminado por uma série de testemunhas. O juiz Irving Kaufman considerou o crime "pior que assassinato" e responsabilizou Rosenberg pelos 50 mil soldados mortos na Guerra da Coreia, eclodida em virtude da ameaça nuclear russa.

Apesar de a União Soviética ter negado qualquer envolvimento com Rosenberg, ele e a esposa foram condenados à cadeira elétrica no dia 5 de abril de 1951. Nos dois anos seguintes, seu advogado tentou de tudo para reverter a sentença. A opinião pública mundial protestou, o papa Pio 12 interveio, tudo em vão.

O casal foi um símbolo tanto para a esquerda como para a direita. Para uns, representou a injustiça capitalista; para outros, a ameaça comunista. No dia 19 de junho de 1953, Ethel e Julius Rosenberg foram executados na cadeira elétrica da prisão de Sing Sing. Só em 1997, Alexander Feklisov, ex-superagente russo e contato de Julius Rosenberg, confirmou que este havia sido espião, mas Ethel nunca soubera de nada.