1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
HistóriaChina

1948: Começo da batalha de Xuzhou na China

Thomas Bärthlein Publicado 6 de novembro de 2014Última atualização 6 de novembro de 2018

Em 6 de novembro de 1948 começou a batalha decisiva de Xuzhou, na qual os comunistas chineses derrotaram os nacionalistas. Os liderados de Mao Tsé-tung vinham do norte, pressionando o Kuomintang cada vez mais para o sul.

https://p.dw.com/p/1gNX
Chiang Kai-Shek
Chiang Kai-shek Foto: Getty Images

Na primavera setentrional de 1949, as tropas de Mao Tsé-tung conquistaram quase todo o território continental da China. Cerca de seis meses antes, elas não tinham sequer uma cidade importante sob o seu controle. Mas logo tinham conseguido impor-se através da vitória na batalha de Huaihai, nas proximidades da cidade de Xuzhou, um entroncamento ferroviário de grande importância estratégica na China central. A batalha começou no dia 6 de novembro de 1948 e durou até 10 de janeiro de 1949.

Esta foi a primeira batalha campal desde o início da guerra civil em 1946. Até então, os comunistas haviam empregado uma tática de guerrilha no interior do país. Em Xuzhou, participaram da batalha cerca de 600 mil soldados de cada lado. No final, as tropas de Chiang Kai-shek foram derrotadas de forma aniquilante.

Só existem especulações sobre o número de mortos, feridos e desertores: os arquivos chineses continuam até hoje fechados para a pesquisa por parte dos historiadores. Em janeiro de 1949, os comunistas conquistaram Pequim e Tientsin no norte da China; em abril, cruzaram o rio Yang-tsé, em direção ao sul. O exército de Chiang Kai-shek estava derrotado.

Toda a história remontava à década de 20. Na época, Chiang Kai-shek já tinha lutado contra os comunistas. Eles controlavam grandes áreas, mas tiveram de retirar-se para as regiões afastadas do interior, promovendo a famosa "longa marcha".

Veio então a invasão japonesa. Entre 1937 e 1945, as tropas japonesas assolaram a China. Os comunistas e o Kuomintang de Chiang Kai-shek formaram uma "frente de unidade nacional" para combater os japoneses.

Para o sinólogo Thomas Kampen, o equilíbrio na China foi decisivamente abalado durante o período da ocupação japonesa: "Sem a invasão dos japoneses, Chiang Kai-shek teria podido derrotar os comunistas na década de 30. Ele teria podido investir todas as forças nessa luta e teria alcançado o seu objetivo. É preciso levar em conta, por exemplo, que a 'longa marcha' de 1934/35 começou com cem mil comunistas e terminou com dez mil – os comunistas estavam praticamente derrotados!"

Duas consequências

"O ataque japonês resultou em duas coisas: em primeiro lugar, Chiang Kai-shek não pôde mais concentrar-se na luta contra os comunistas; e em segundo lugar, os comunistas puderam fazer um longo trabalho clandestino nas regiões onde estava o exército japonês. Pois o problema para os japoneses era de que não dispunham de tanta tropa, para controlar todo o território. Eles controlavam principalmente as metrópoles e as linhas ferroviárias. E os comunistas podiam fazer a sua mobilização nas áreas rurais."

Isso valeu também na região de Xuzhou, por exemplo. Os comunistas tinham apoio nos povoados da região, pois tinham conquistado prestígio durante a luta contra os invasores japoneses. Já as tropas de Chiang Kai-shek tinham se retirado durante esse período. Thomas Kampen: "A Segunda Guerra Mundial terminou com a derrota do Japão. Mas não se pode dizer que os chineses tenham derrotado os japoneses. O motivo da derrota foi, antes, a bomba atômica etc. Ou seja: um grande problema era o fato de Chiang Kai-shek, seu partido e seu exército serem acusados de não ter combatido os japoneses com determinação. E, por essa razão, eles tinham uma péssima imagem."

Além disso, os soldados de Chiang Kai-shek estavam pouco motivados nessa guerra civil. Muitos não sabiam o porquê da luta contra os comunistas. O que não era de se admirar, pois muitos deles eram camponeses recrutados compulsoriamente, segundo esclarece Thomas Kampen: "Eles não ingressaram voluntariamente no exército, mas foram sequestrados e então incorporados à tropa. Por isso, muitos deles também desertaram".

"Entre os comunistas, uma das prioridades era motivar os camponeses, fazendo com que cooperassem voluntariamente. Na verdade, os comunistas não tinham o poder necessário para fazer um recrutamento compulsório."

Os camponeses – na época, 90 por cento da população chinesa – deveriam sustentar a Revolução, segundo a teoria de Mao Tsé-tung. De fato, num trabalho minucioso de anos de duração, os comunistas conseguiram convencer muitos camponeses a dar apoio às suas reivindicações de reforma agrária.

A longo prazo, a luta pelo poder foi decidida através da péssima imagem do governo e da excelente imagem dos comunistas, tanto em questões nacionais quanto em questões sociais.

O que causa admiração é que os comunistas tenham conseguido enfrentar com êxito as tropas do Kuomintang, equipadas com armamentos americanos. Nem mesmo os soviéticos ajudaram os comunistas chineses com o fornecimento de armas. Pois, tradicionalmente, Moscou mantinha um bom relacionamento com Chiang Kai-shek.