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HistóriaAlemanha

1946: URSS liberta prisioneiros de guerra alemães

Publicado 22 de julho de 2016Última atualização 22 de julho de 2020

Mais de três milhões de prisioneiros alemães estavam na União Soviética desde o fim da Segunda Guerra, onde foram obrigados a ajudar na reconstrução do país. Em 22 de julho de 1946, começaram a retornar à Alemanha.

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Foto histórica em preto e branco com dezenas de soldados
Soldados alemães prisioneiros em MoscouFoto: picture-alliance / akg-images / RIA Nowosti

Embora a libertação dos primeiros alemães presos pelos soviéticos ou deportados para a União Soviética pelos Aliados durante o conflito tivesse começado em 1946, o principal contingente retornou ao país dois anos mais tarde, data limite estipulada pelos Aliados.

A cidade de Frankfurt do Oder, no extremo leste alemão, foi o principal ponto de passagem dos retornados. Eles compreendiam milhões de mulheres, homens e crianças expatriadas durante a guerra, além de três milhões de militares alemães aprisionados no Leste Europeu, que pretendiam retornar ao seu país. Seus problemas eram muitos, tanto sociais como psicológicos e econômicos, mas principalmente familiares e de saúde.

Os soldados haviam deixado a Alemanha como heróis enviados por Hitler para o avanço alemão no Leste da Europa e voltavam derrotados para casa. Depois de soltos, logo na chegada ao território alemão, eram cadastrados, recebiam assistência médica e podiam escrever cartas para a família. Milhares morreram de exaustão no primeiro dia de retorno à pátria.

A migração também se dava do oeste para o leste. Mais de cinco milhões de soldados soviéticos esperavam pela repatriação. Uma ordem de Stalin chegou a causar pânico e até suicídios. Ele havia determinado que todos os russos que haviam tido contato com o inimigo – inclusive prisioneiros de guerra – perderiam seus direitos civis. Apesar das garantias concedidas por Moscou, os retornados foram enviados a centros de triagem e banidos para o arquipélago de Gulag, com ou sem julgamento prévio.

Dificuldades de reintegração

Durante a Guerra Fria, a questão dos prisioneiros retornados foi instrumentalizada por ambos os lados. Enquanto o Ocidente protestava, alegando que seus soldados enfrentaram condições desumanas na prisão, o Leste argumentava com a amizade teuto-russa e o sorriso de ex-prisioneiros que voltavam "satisfeitos" para casa.

Hoje, sabe-se que a realidade foi outra. A historiadora Annette Kaminsky relata as dificuldades dos repatriados para a reintegração na sociedade. Doentes, subnutridos e com grandes problemas psicológicos, seus problemas eram ignorados por grande parte da sociedade.

Calcula-se que, até o final da Segunda Guerra Mundial, 5,7 milhões de alemães caíram nas mãos dos soviéticos, sendo que 3,3 milhões morreram, em geral nos primeiros dias de cativeiro. Eles eram obrigados a longas marchas a pé, muitas vezes sob a neve ou sob sol forte, sem roupas apropriadas e alimentos suficientes. Quem caísse no caminho, por doença ou exaustão, era executado pelos soviéticos.

A União Soviética havia declarado "criminosos de guerra" os alemães que ainda não haviam sido enviados de volta e os condenou a trabalhos forçados como reparação de guerra ao povo russo. Somente após a intervenção do primeiro chefe de governo alemão, Konrad Adenauer, os últimos puderam retornar para casa em 1955.