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1931: Físico alemão cria microscópio eletrônico

Stefanie Leipert

No dia 9 de março de 1931, o físico alemão Ernst Ruska apresentou o microscópio eletrônico, instrumento hoje capaz de ampliar imagens em até 1 milhão de vezes, revelando a estrutura de moléculas orgânicas e vírus.

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Wissenschaftlerin | Labor | Symbolbild
Foto: picture-alliance/Panther Media/LightField Studios

"O microscópio óptico abriu a primeira porta para o microcosmos. O microscópio eletrônico abriu a segunda. O que iremos encontrar quando abrirmos a terceira porta?"

A questão foi colocada em 1985 pelo criador do microscópio eletrônico, o físico alemão Ernst Ruska, um ano antes de receber o Prêmio Nobel de Física: 55 anos antes ele projetara o primeiro aparelho do gênero. A diferença básica entre os dois tipos de microscópio está na formação da imagem: enquanto o óptico emprega um feixe de luz, o eletrônico emite elétrons.

O professor Reinhard Strey, do Instituto de Fisicoquímica da Universidade de Colônia, é um dos inúmeros cientistas que utilizam o microscópio eletrônico em seu trabalho. Ele emprega o aparelho para examinar microemulsões – como a mistura de água, gordura e um tipo de textura – para a criação de sabonete e detergente.

"A vantagem do microscópio é permitir a melhoria das substâncias químicas ativas de limpeza, pois funciona como um projetor de slides, que regula a nitidez da substância, conforme você quiser", explica.

Homem de cabelos brancos sorrindo
O alemão Ernst Ruska, ganhador do Nobel de Física em 1986Foto: dpa

Outros pesquisadores visualizam, através do microscópio eletrônico, moléculas orgânicas, como o DNA e o RNA, algumas proteínas, bactérias e vírus, pois o aparelho permite o estudo da ultraestrutura celular, formando imagens planas, com ampliação de até 500 mil vezes.

Cientistas dos Laboratórios Bell, pertencentes à empresa Lucent Technologies, construíram em 2002 um microscópio eletrônico capaz de visualizar, num semicondutor, impurezas de um simples átomo, infinitamente pequenas, mas suficientes para impedir o funcionamento adequado de um chip.

O microscópio de Ruska veio para solucionar enigmas que, apenas com o microscópio óptico, seria impossível sequer abordar.

Carreira profissional e acadêmica intensa

Nascido no dia 25 de dezembro de 1906 em Heidelberg, Ruska foi professor do Instituto Fritz Haber, que integra a Associação Max Planck, em Berlim, e um dos ganhadores do Nobel de Física de 1986: a metade do prêmio lhe coube pelo trabalho em óptica eletrônica e por projetar o primeiro microscópio eletrônico de transmissão.

Filho de Julius e Elisabeth Ruska, Ernst Ruska foi educado em Heidelberg e em 1925 começou a estudar Eletrônica, primeiro na Universidade Técnica de Munique, depois em Berlim.

O físico cumpriu estágios nas firmas Marrom-Boveri, de Mannheim, e Siemens & Halske, em Berlim. Sob a tutela do professor Max Knoll e com outros estudantes de doutorado, trabalhou no desenvolvimento de um osciloscópio de raios catódicos de alto desempenho.

O primeiro trabalho científico completo do físico, realizado entre 1928 e 1929, foi a prova matemática e experimental da teoria de Busch, que resultou no desenvolvimento de uma lente especial para microscópios magneto-eletrônicos de alta resolução.

A partir da construção do microscópio eletrônico, desenvolveu uma tese de doutorado e outra pedagógica universitária, ambas na Universidade Técnica de Berlim, com o objetivo de investigar as propriedades de lentes eletrônicas de baixo comprimento focal.

Ernst Ruska foi pesquisador da Siemens entre 1937 e 1955, diretor do Instituto Fritz Haber de Berlim entre 1955 e 1972, e professor da Universidade Técnica de Berlim. Nomeado diretor do Instituto para Microscopia Eletrônica, aposentou-se em 1974. Ernst Ruska morreu em Berlim, em 27 de maio de 1988.