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História

1913: Guilherme 2º proíbe oficiais fardados de dançar tango

(rw)

Após participar de um sarau, em 20 de novembro de 1913 o imperador alemão Guilherme 2º ficou tão chocado com o tango que proibiu seus oficiais de dançarem o novo ritmo, ao menos quando estivessem de uniforme.

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Foto: RBB

O tango surgiu nos subúrbios de Buenos Aires em meados do século 19. Na beira do rio Riachuelo, nos bares, nos cortiços do bairro sul, nos prostíbulos, estavam os soldados de folga, trabalhadores dos abates, cocheiros, artesãos, marinheiros e peões, em geral homens sozinhos em busca de companhia e diversão. Nestes salões, tocavam-se valsas, milongas, mazurcas, habaneras, polcas e esboços do futuro "tango criollo".

O tango que se dançava já em 1880, composto por Villoldo ou Mendizabal, entretanto, não era o mesmo "tango argentino" que se conhece hoje, de astros como Carlos Gardel ou Astor Piazzolla. A dança em si sofreu algumas mudanças com o passar do tempo, mas permaneceu a cadência entre os movimentos suaves e bruscos.

Os ricos e que se diziam cultos torciam o nariz para o que chamavam de "coisa do proletariado ou de prostitutas". A forma sensual da dança e o fato de ser muito mais espontânea chocava as elites da época. Principalmente na Europa, onde o tango chegou através de Paris em 1907.

Alemão levou bandoneon à Argentina

O jornal britânico Times escreveu em 1913 tratar-se de uma dança extremamente "desajeitada". Preocupados com a propagação entre a sociedade, as autoridades chegaram a tomar atitudes enérgicas: o Papa proibiu o tango e o imperador Guilherme 2º da Alemanha não queria que seus oficiais o dançassem de uniforme. Já uma regulamentação do Balé da Cidade de Viena proibiu que ele fosse incluído entre as danças executadas pelo seu corpo de baile.

Uma das grandes características do tango, se não a principal, é o instrumento em que tradicionalmente é tocado: o bandoneon, levado para a Argentina por Heinrich Brand, da cidade alemã de Krefeld.

Pouco a pouco, a dança foi conquistando espaço nos salões. Até a moda adaptou-se, pois as damas precisavam de liberdade de movimentos. Poiret, por exemplo, criou o "tango look", com vestidos de ombros de fora, acinturados, decotados, que elas usavam sobre calças justas até o tornozelo, ou então saias justas de "chiffon", com aberturas generosas. Nas cabeças, boinas em forma de turbante, com penas.

Até mesmo as madames da alta sociedade começavam a gozar de mais liberdade. Era a época das revoluções cultural e industrial na Europa, em que se buscava mais independência e mudanças no estilo.

Na década de 20, compositores famosos como Igor Stravinsky, Paul Hindemith e Ernst Krenek acrescentaram o tango às suas composições e assim abriram espaço para o gênero nas salas de concerto e nas óperas.

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