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História

26 de dezembro de 1194

Claus-Dieter Gersch (gh)

Em 26 de dezembro de 1194, nasceu Frederico 2º. Coroado imperador do Sacro Império Romano-Germânico em 1220, ele ficaria na história como um dos monarcas mais esclarecidos.

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Moeda com a insígnia de Frederico 2º (1194-1250)Foto: dpa

Jesi, localidade próxima de Ancona, Itália: no dia 26 de dezembro de 1194, nasceu o rei Frederico 2º, da casa dos Staufer. Pouco após seu pai, o imperador Henrique 6º, deixava a família nessa cidadezinha das montanhas da Apúlia para prosseguir a campanha de conquista da Sicília.

Frederico 2º era o menino mais poderoso de seu tempo: aos três anos deveria subir ao trono da Alemanha. A cerimônia de coroação, na catedral imperial de Frankfurt, já estava marcada. Contudo a morte de seu pai, em setembro de 1197, aos 31 anos de idade, deu margem a rebeliões contra o domínio alemão na Itália e Sicília, e a entronização teve que ser adiada.

Sua mãe, a imperatriz Constança, também rainha da Sicília, levou Frederico para Palermo, onde em 1198, aos três anos de idade, foi coroado rei da Sicília. A mãe morreu poucos meses depois, deixando-o completamente órfão. Viúva e enfraquecida pela perda do marido, Constança havia designado o papa Inocêncio 3º para ser o tutor da criança.

Um imperador intelectual

Em Palermo, fronteira entre o Ocidente e Oriente, o jovem imperador aprendeu a conhecer a vida, as artes, religiões, filosofias e os segredos do mundo e do poder.

Dominava a arte da escrita como nenhum de seus antecessores. Certa vez, realizou experiências para descobrir qual era a língua falada por uma criança à qual nunca se ensinara um idioma. O método – cruel – consistia em privar as cobaias de qualquer tipo de intercâmbio verbal.

O monge franciscano Salimbene de Parma, adverso a Frederico, descreveu assim esse episódio: "Ele queria saber se as crianças falavam o hebraico, como idioma mais antigo, ou grego, latim ou árabe, ou ainda a língua dos pais. Mas ele se esforçava em vão, pois todas as crianças acabavam morrendo".

Platão como guia

Frederico 2º estava enraizado no Cristianismo e no Islamismo. Além de estadista, político e funcionário público número um, foi poeta, mestre de obras e falcoeiro. Seus escritos contam entre os tesouros da Idade Média.

Na Sicília, o monarca criou uma estrutura enxuta de funcionalismo público, concentrada no sucesso, orientada para a eficiência e sem instâncias feudais.

Suas Constituições de Melfi, de 1231, constituíram a primeira tentativa de estruturar uma comunidade humana de acordo com o pensamento platônico – conceito que previa a figura de um imperador. Nelas, o pensador real estabelecia:

"Ordenamos a todos os habitantes do Império que preservem a paz, indispensável à justiça. Ninguém deve, no exercício do poder absoluto, vingar crimes e agressões ocorridos no passado ou tramados para mais tarde, impor regras de opressão ou vingança, nem iniciar um conflito dentro do reino. Em vez disso, os fatos devem ser apurados judicialmente pelas autoridades responsáveis pela jurisdição em que ocorreu o litígio."

Conflitos com o Papa

Frederico 2º frequentemente entrou em conflito com o papa Gregório 9º, chegando a ser banido. Encarregado de organizar uma cruzada, hesitou, e resolveu fazer o que ninguém considerava possível: como mediador entre Ocidente e Oriente, negociou um acordo de paz com o sultão Al-Kamil, do Egito.

Os dois monarcas mais modernos do século estavam conscientes de que, se não negociassem com sabedoria, ocorreria uma guerra. Assinaram um tratado pelo qual Frederico 2º praticamente ganhou de presente a cidade santa de Jerusalém por um período de dez anos.

Monarca progressista

Por mais genial que tenha sido esse acordo, Frederico 2º – o mais piedoso estadista no trono imperial, apelidado Stupor Mundi (o espanto do mundo) – estava condenado ao fracasso. Fracassou diante do Papa, dos alemães e de si próprio, possivelmente por estar muito além de seu tempo.

Morreu em 13 de dezembro de 1250, de uma infecção intestinal, pouco antes de completar 56 anos de idade, quando ainda sonhava tornar-se senhor do mundo. Sobretudo pelos escritos que deixou para a posteridade, tornou-se imortal, como seu avô, Frederico 1º, o Barba Ruiva.